segunda-feira, 4 de outubro de 2010

À mesa

De encontros espontâneos, numa mesma mesa estão sentados quatro países. Alemanha, Reino Unido (Escócia), EUA e Portugal. Cada um tenta representar o seu da melhor forma possível: pela história, a economia, a política. As dificuldades de cada um, as frustrações, o desemprego, os impostos, as reformas, os subsídios. Dezenas de histórias dos últimos anos correm para uma mesma conversa e, como uma rede, acabam por se entrelaçar umas nas outras. Os amigos de cada um dos quatro cruzam-se e conhecem-se nessa mistura de episódios, mesmo que nunca o venham a saber.

A história de um britânico que decidiu ir trabalhar nas obras em França. Ou a possibilidade de, um dia, ir conduzir camiões para a Austrália, porque pagam bem. Como o café é mau, como na Coreia do Norte as senhoras mais velhas apanham ervas nas bermas das estradas, ou como em Cabo Verde a venda de dez mangas faz o dia. Pelo meio, marcou lugar a história do acto isolado que passei em 2005, quando andava na faculdade e quis trabalhar com vista a uma curta e passageira autonomia. Trabalhei um dia, ganhei €40. Passei um acto isolado, fui às finanças e deixei lá €8. A ignorância fez-me achar que não tinha de declarar €40, portanto este ano paguei uma multa de €50. Conclusão: talvez tivesse sido melhor não ter trabalhado. Terminámos a conversa a pensar que fazemos parte de uma mesma geração de problemas que, mesmo assim, lá escolhe arriscar, imaginando que daqui a uns anos tudo poderá ser bem melhor.

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