Ontem foi dia de arranjo de flores cá em casa, desde muito cedo. O telefone toca antes das nove, as portas abrem-se, as vozes com sotaque mais ou menos refinado entram e iniciam-se as múltiplas actividades. Faz-se café, partilham-se contactos, tiram-se fotografias, vai-se às compras e, no fim, arruma-se o dia.
Já me tinha cruzado com ele na rua, percebi que tinha nome de gente. Com dois centrímetros de pata, entrou cá em casa e fez uma ronda para conhecer o sítio. A dona, uma impecável senhora de gabardine vermelha, trazia a sua bengala-muleta, com a qual lhe indicava por onde não devia andar. Umas vezes apanhava suavemente com ela na barriga, outras vezes conseguia acertar-lhe numa das minúsculas patas. Chama-se Brian e tem dez anos.
E como ao sábado os alfarrabistas estão abertos, dispondo os livros em mesas no meio da estrada quando o tempo o permite, lá me lancei na deliciosa procura de livros. Tudo pode ser muito caro cá, mas os livros em múltipla mão são muito baratos. Concedo-me a liberdade de gastar algumas libras. E, desta vez, trouxe para casa uma edição do War and Peace, de Leo Tolstoy, os três volumes num livro, pequeno, impresso em 'India Paper'. Tem uma pequena dedicatória na capa, assinada em 18 de Março de 1944. "Shirley from Barbara". Na aba da sobrecapa de papel verde, está um comentário de Maurice Baring - an English man of letters, que escreveu sobre a guerra entre o Império Russo e o Império Japonês, na Manchúria em 1904-5, para o Morning Post. Sobre a obra de Tolstoy, disse: "For the first time in an historical novel, instead of saying 'this is very likely true', or 'what a wonderful work of artistic construction', we feel that we were ourselves there; that we knew those people; that they are a part of our very own past".
Já me tinha cruzado com ele na rua, percebi que tinha nome de gente. Com dois centrímetros de pata, entrou cá em casa e fez uma ronda para conhecer o sítio. A dona, uma impecável senhora de gabardine vermelha, trazia a sua bengala-muleta, com a qual lhe indicava por onde não devia andar. Umas vezes apanhava suavemente com ela na barriga, outras vezes conseguia acertar-lhe numa das minúsculas patas. Chama-se Brian e tem dez anos.
E como ao sábado os alfarrabistas estão abertos, dispondo os livros em mesas no meio da estrada quando o tempo o permite, lá me lancei na deliciosa procura de livros. Tudo pode ser muito caro cá, mas os livros em múltipla mão são muito baratos. Concedo-me a liberdade de gastar algumas libras. E, desta vez, trouxe para casa uma edição do War and Peace, de Leo Tolstoy, os três volumes num livro, pequeno, impresso em 'India Paper'. Tem uma pequena dedicatória na capa, assinada em 18 de Março de 1944. "Shirley from Barbara". Na aba da sobrecapa de papel verde, está um comentário de Maurice Baring - an English man of letters, que escreveu sobre a guerra entre o Império Russo e o Império Japonês, na Manchúria em 1904-5, para o Morning Post. Sobre a obra de Tolstoy, disse: "For the first time in an historical novel, instead of saying 'this is very likely true', or 'what a wonderful work of artistic construction', we feel that we were ourselves there; that we knew those people; that they are a part of our very own past".
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