Ainda está no bouquiniste o álbum antigo de fotografias, verde escuro, com um cordão amarelo que acaba com dois pedaços de linhas esfarrapadas, que avistei desde que saí da porta de casa, no carrinho de madeira com livros que o senhor põe sempre à porta da loja. São fotografias antigas de uma viagem, feita em Inglaterra, intercaladas com os nomes das cidades e dos lugares cuidadosamente desenhados a carvão e pintados por cima com tinta preta. Na primeira página do álbum, aparece um mapa da zona, com algumas linhas traçadas a cores diferentes. Custa £3.95. Folheei-o de uma ponta à outra na primeira vez que o vi. As folhas são duras, como se fossem de cartão, e os quatro cantos de cada uma das fotografias estão presos com triângulos especialmente indicados para o efeito. A minha avó também os tinha, era com esses mesmos triângulos que preenchia os álbuns, não só com fotografias, mas com recortes de jornais, panfletos, pequenos textos recortados dos panfletos, bilhetes de avião, recibos de restaurantes, lojas ou museus. Quis comprar o álbum, pelas recordações que me trazia. Mas o dinheiro que tinha na carteira era para os dois cafés que iria beber durante o dia, unicamente porque tinha dois encontros já combinados em dois cafés diferentes. Passaram-se dois dias e o álbum continua lá. Amanhã é sábado - nem sei como - e é o meu dia de alfarrabistas. Espero que ainda lá esteja no mesmo sítio.
Sem comentários:
Enviar um comentário