Decidi percorrer uma das três ruas desta cidade, de uma ponta à outra. A verdade é que desde a minha chegada, ainda só tinha conhecido as ruas aos pedaços. E pouca noção tenho do que rodeia St. Andrews. Percebo, de certa forma, por que razão os professores - no discurso de entrada no ano lectivo, o tal evento com gaita-de-foles - apelam aos alunos que não se remetam apenas à cidade. "Há muito a descobrir na Escócia", dizem. Pois, há que ter em conta que, por um lado, há muita coisa a fazer aqui. E, sinceramente, há que ter em conta também que não somos milionários. Ou talvez alguns sejam, mas não todos.
Então decidi percorrer uma rua de uma ponta à outra. A South Street, creio eu. Entrei numa loja que vende roupa em segunda mão, terrível, vinis (Carla!), cds e, numas prateleiras ao fundo da loja, alguns livros antigos. História, biografias, receitas... e, por trás de um grande livro, encontrei um pequeno, de capa dura, azul, meio rasgado. Este tipo de descobertas fazem-me sempre desejar que o livro seja tão especial e barato que me façam comprá-lo.
Abri-o. Tem menos de um palmo de comprimento e um dedo e meio de altura. Folheei-o e percebi que falava dos 'scottish clans'. Confesso que nunca tinha ouvido falar de tal coisa, embora tenha achado engraçado haver uma história para cada nome, associada a um específico padrão de tartan (os conhecidos 'xadrezes' escoceses). Não achei suficientemente bom para comprar, pois não dei a devida importância ao assunto. Razão: ignorância. Sobretudo porque custava £1.
Mais tarde, juntei-me à minha turma (somos 30) num pub, com todos os professores. Conversas interessantes sobre a vida na África do Sul, sobre como é possível ser-se indiana sul-africana, ou angolano sul-africano, sem que com isso haja algum problema. Conversas com um professor sobre Portugal: 'I urge you to risk', disse-me. "Be different". Partilha de conclusões sobre como a conversa com um soldado pode explicar melhor, e de forma mais simples, o que realmente se passa num conflito. E, ainda, conversa sobre como os escoceses fritam as pizzas, as barras de chocolate Mars ou tudo o que lhes apareça.
Adiante na conversa sobre a Escócia, com um colega escocês, ouvi falar sobre scottish clans. E, num segundo, percebi que o livro de capa dura azul, escondido atrás do outro, assinado a tinta e com letra perfeita, deveria afinal ter vindo comigo. Por £1. Tentei ir comprá-lo hoje, mas não encontrei a loja.
Então decidi percorrer uma rua de uma ponta à outra. A South Street, creio eu. Entrei numa loja que vende roupa em segunda mão, terrível, vinis (Carla!), cds e, numas prateleiras ao fundo da loja, alguns livros antigos. História, biografias, receitas... e, por trás de um grande livro, encontrei um pequeno, de capa dura, azul, meio rasgado. Este tipo de descobertas fazem-me sempre desejar que o livro seja tão especial e barato que me façam comprá-lo.
Abri-o. Tem menos de um palmo de comprimento e um dedo e meio de altura. Folheei-o e percebi que falava dos 'scottish clans'. Confesso que nunca tinha ouvido falar de tal coisa, embora tenha achado engraçado haver uma história para cada nome, associada a um específico padrão de tartan (os conhecidos 'xadrezes' escoceses). Não achei suficientemente bom para comprar, pois não dei a devida importância ao assunto. Razão: ignorância. Sobretudo porque custava £1.
Mais tarde, juntei-me à minha turma (somos 30) num pub, com todos os professores. Conversas interessantes sobre a vida na África do Sul, sobre como é possível ser-se indiana sul-africana, ou angolano sul-africano, sem que com isso haja algum problema. Conversas com um professor sobre Portugal: 'I urge you to risk', disse-me. "Be different". Partilha de conclusões sobre como a conversa com um soldado pode explicar melhor, e de forma mais simples, o que realmente se passa num conflito. E, ainda, conversa sobre como os escoceses fritam as pizzas, as barras de chocolate Mars ou tudo o que lhes apareça.
Adiante na conversa sobre a Escócia, com um colega escocês, ouvi falar sobre scottish clans. E, num segundo, percebi que o livro de capa dura azul, escondido atrás do outro, assinado a tinta e com letra perfeita, deveria afinal ter vindo comigo. Por £1. Tentei ir comprá-lo hoje, mas não encontrei a loja.
7 comentários:
A loja de areia.
(diria eu, inspirado pelo magnífico conto "Livro de Areia" de Jorge Luis Borges...)
Vamos ver se o link para a versão original do conto de Borges entra à terceira...
Uau, belíssimo. Foi isso que senti: ainda ontem a loja estava aqui! Amanhã reinicio a busca.
É uma loja onde não poderás entrar duas vezes... Esquece!
Vais ver que o livro está lá à tua espera!...
Enviar um comentário