E passou a primeira semana. Num ápice, como se em tudo o que é novo houvesse já uma sensação de familiaridade. Não deixa de ser estranho. Embora tudo me fosse absolutamente desconhecido desde o primeiro minuto, nada doeu. Ou quase nada. Como se me tivesse vindo a preparar para tudo isto nos últimos anos. E de forma muito eficaz, concluo agora. Como se tivesse estado encostada a uma porta fechada, imaginando o que poderia estar do outro lado. Pensando nas várias formas do que poderia encontrar, tomando consciência do pior que poderia acontecer e ponderando, por vezes, se não perderia mais se a abrisse. Talvez fosse melhor deixar-me apenas encostada. Lá a abri e cá estou: com um pequeno mundo em construção à minha volta, no qual poderia ser o que eu quisesse. Sem esquecer que, uma semana depois, já recebi umas pantufas com uma história e um passado, um postal de St Andrews, um postal com uma pintura de William McTaggart, um monte de jornais, para além de um marcador de livros da Tailândia. Sem esquecer, claro, as dezenas de histórias que andam para trás e para a frente nas três ruas da cidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário