Numa passagem pelo notário, a poucos dias de partir, tive a alegria de encontrar um espaço novo, envidraçado e agradavelmente sem ninguém. Foi essa a melhor sensação. Dedicar uma manhã a cada um dos serviços públicos - para muitas vezes ter de lá voltar no dia seguinte- foi o que mais me aconteceu nas últimas semanas. Mas um notário em Torres Vedras é um local que podemos encontrar praticamente vazio. Valeu pela simpatia, pelo rápido atendimento - ainda que tenha acabado por lá ficar uma hora - e pelo incentivo. Concluo que há uma qualquer empatia em relação a quem decide sair do país. Seja por pena, seja por valorização. Seja ainda uma certa protecção maternal, uma consciência por ter já estado em situação semelhante ou, apenas, por imaginar que alguém próximo possa estar na mesma situação. Uma compreensão e quase uma espécie de receio perante a partida breve de alguém, sobretudo para um sítio desconhecido.
Ao ponto da senhora do notário, antes de eu agradecer e sair, me ter perguntado se ia estudar para fora. Disse-lhe que sim. "Vai para um país esquisito?", perguntou-me. Por segundos, parei para pensar qual seria a categoria dos países esquisitos. E no instante a seguir pensei em como tudo pode afinal ser tão relativo quando na cabeça de alguém existem países esquisitos. Conclui que deveriam ser países dos quais não sabe o nome, aqueles de que falam na televisão. Disse-lhe que não, que não era um dos países esquisitos. Só saberei se lhe respondi correctamente se um dia lá voltar e perguntar quais são os países esquisitos. Mas senti nela um certo alívio. Agradeci -lhe pela preocupação.
Antes de eu sair do notário, a senhora gritou 'Boa sorte!'. Ao olhar para trás, vi que ela tinha a mão direita fechada, com o polegar a apontar para o tecto. E nesse momento, a dois dias de sair de Portugal, percebi que uma senhora de um notário me lançou um "fixe".
Ao ponto da senhora do notário, antes de eu agradecer e sair, me ter perguntado se ia estudar para fora. Disse-lhe que sim. "Vai para um país esquisito?", perguntou-me. Por segundos, parei para pensar qual seria a categoria dos países esquisitos. E no instante a seguir pensei em como tudo pode afinal ser tão relativo quando na cabeça de alguém existem países esquisitos. Conclui que deveriam ser países dos quais não sabe o nome, aqueles de que falam na televisão. Disse-lhe que não, que não era um dos países esquisitos. Só saberei se lhe respondi correctamente se um dia lá voltar e perguntar quais são os países esquisitos. Mas senti nela um certo alívio. Agradeci -lhe pela preocupação.
Antes de eu sair do notário, a senhora gritou 'Boa sorte!'. Ao olhar para trás, vi que ela tinha a mão direita fechada, com o polegar a apontar para o tecto. E nesse momento, a dois dias de sair de Portugal, percebi que uma senhora de um notário me lançou um "fixe".
4 comentários:
Um notário em Torres Vedras? Porquê Torres Vedras?
Ora, Torres Vedras porque estive um dias de retiro em Santa Cruz. E se não tivesse vindo para cá, ter-me-ia mudado para lá. Definitivamente.
Essa é boa... e seríamos vizinhos :)
O que pensará essa senhora quando decidires ir aperfeiçoar o teu árabe num país... "realmente esquisito"? ;-)
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