sexta-feira, 18 de março de 2011

As vidas de Sarajevo

A primeira vez que o vi nas ruas da cidade dei conta de como andava todo enrolado. Uns dias depois, percebi que ele dormia à porta de um prédio junto ao edifício dos correios. Vi-o novamente, desta vez, sentado ao sol, igualmente enrolado, à porta de uma papelaria. Preenchia um papel com números, escritos a lápis. E o lápis estava tão pouco afiado que os números eram enormes no papel que ele tinha na mão.

Diariamente, abre o mercado no centro da cidade. Várias mesas expostas num espaço aberto, embora tapado com placas de plástico, juntam todos os tipos de legumes, frutas, flores, mas também chinelos, cuecas do tamanho do mundo, maços de tabaco, tampas para panelas, panos da louça, toalhas de renda e molas para cabelo com tanto pó que a cor era diferente.

Era a única mesa na qual o sol batia. O senhor vendia apenas laranjas e couves. Passou o tempo a cortar limões, com umas mãos enormes e uma nódoa negra nas costas da mão esquerda. Pedi para tirar fotografia e num dos momentos, que perdi por segundos, ele acenou com o pano onde limpava as mãos.

Laranjas e clementinas foi o que mais comi durante a viagem. Comprei laranjas em todos os mercados onde fui. Óptimas.

O mercado diário de Sarajevo.

Os chinelos à venda numa bancada ligeiramente fora do espaço do mercado. Tive autorização para tirar a fotografia e a senhora, ainda que possa não parecer, sorriu quando agradeci.
Pedi para tirar foto aos ananases dentro de um vaso, à venda no mercado. O rapaz tirou-os do vaso e posicionou-os para a fotografia.

Aquele que se poderia imaginar ser o trabalho de uma florista - fazer pequenos raminhos - era o trabalho de um rapaz, a trabalhar para o chefe (o dos ananases).


Bamija é um prato bósnio que experimentármos num restaurante, no dia anterior a termos percebido em que é que consistia. É um prato com carne e okra, uma espécie de pequenos frutos, com uma têxtura áspera. Mal viamos o que estávamos a comer no início do jantar, mas a meio desistimos.

O prédio abandonado por onde passámos de camioneta várias vezes e que despertou a minha curiosidade em vários momentos...

... devido ao sofá abandonado num dos andares.

Os três sapatos numa mesa tentavam atrair clientes para a sapataria que estava recuada em relação à rua principal.

Os restos dos cartazes publicitários e das campanhas eleitorais.

Os heróis.

O dia-a-dia da cidade, com água a ferver e as vassouras utilizadas em todo o lado.

Os contrastes que se vêem na cidade.

A razão que me fez ir à BiH e a razão que me levou a apaixonar-me pela complexidade do país.

O guarda-chuva.

Em qualquer porta de um prédio em Sarajevo.

Como em qualquer outra cidade europeia.
As ruas de Sarajevo, sempre com as colinas como fundo.




A vida diária no bairro turco.

Uma das lojas onde se acumulam bocados de tudo, com as suas devidas histórias.

Não conseguimos comunicar, nem perceber o que ambos fazemos na vida.

A exposição de panelões como se fosse algo comprado diariamente por toda a gente. Pensei seriamente na paciência de alguém que todos os dias expõe os panelões à porta da loja e os retira ao fim do dia.

A entrada para um dos espaços com esplanada, rodeados por pequenas lojas.



O bairro turco.
Os contrastes. Homens na rua durante o dia todo.

Parte de uma geração que partilha muitos dos mesmos problemas.

A Praça dos Pombos, como passou a ser conhecida, logo pela manhã de sábado, com três horas de sono, neblina nas colinas, sol morno e o começo do dia.

1 comentário:

Sofia Rodrigues disse...

Estou oficialmente fã da Raquel fotógrafa, e com muita vontade de ir à Bósnia.