A solução para se gostar mais de Portugal e dar mais valor a tudo o que nos rodeia é sair daqui por um tempo. Isso não significa que não nos tornemos mais lúcidos quanto aos enormes defeitos que existem cá. Passamos a saber definir as falhas que já sentíamos enquanto ainda não sabíamos defini-las. E passamos a saber quais são as soluções, algo que se pode revelar frustrante quando nos apercebemos de quão distantes, por cá, ainda estão essas soluções. Mas sair de Portugal é apagar a tendência de que todo o resto é melhor, de que todos os outros são melhores. É passar a ter um termo de comparação que nos permite fazer uma escolha consciente: voltar ou não voltar. Para quem volta, ainda que temporariamente, até os dias de chuva que durante anos tinham uma tremenda influência no estado de humor passaram a ser dias simpáticos. Sentir as pontas dos dedos das mãos e os dedos dos pés durante vinte e quatro horas é uma felicidade. A luz, ainda que em dia de nuvens, é uma dádiva. E se não tivesse conhecido chuva fria, nunca viria a saber que a nossa é quente.
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