sábado, 18 de dezembro de 2010

Doce gestão de conflitos

Foi no fundo das cozinhas de um hotel no Luxemburgo que escrevi partes do meu segundo trabalho do mestrado. Com o título - A gestão de conflitos semeia conflitos futuros - tentei no meu ensaio sustentar a ideia de que a gestão superficial de um conflito, quando limitada a conversas diplomáticas sem envolver as pessoas 'não-estatais', nunca poderá resolver um conflito nas suas raízes. Tomando como exemplo os limites de acção da missão das Nações Unidas em Caxemira ou a inacção perante o genocídio no Ruanda, definem-se críticas às abordagens internacionais. E questiona-se: a maior limitação era a 'nova natureza' da guerra ou o tipo de abordagem trazida da Guerra Fria? Os conflitos foram designados como intractáveis pela sua natureza ou pela ausência de uma abordagem directa às suas origens? O fim da Guerra Fria e as novas abordagens a partir dos anos 90 também não se revelariam a solução, ainda que reconhecem uma maior relevância aos indivíduos, mas caindo na tendência de directamente os considerar cidadãos. Abordagens pré-determinadas, de imposição de uma democracia e liberalização do mercado como soluções para qualquer conflito, também não resultaram. Se a gestão de conflitos da Guerra Fria não trouxe paz, as abordagens de resolução de conflitos através da imposição de valores liberais também podem semear futuros conflitos. Agora soube que os cinco mil caracteres que escrevi tiveram um bom resultado, mesmo escritos entre esperas nos aeroportos, viagens de avião, insónias por cansaço extremo ou ao mesmo tempo que pintava desenhos com uma pequena luxemburguesa (que me recompensava com rebuçados). Tiro uma conclusão: dificilmente conhecemos os nossos limites até os testarmos.




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