sábado, 16 de abril de 2011

Jornalismo e Guerra na BeH


Escrever cinco mil palavras sobre a viagem à Bósnia e Herzegovina foi uma agradável experiência. Ainda que em formato de ensaio, com menos rigidez, mas respeitando as bibliografias primárias e secundárias, dei comigo a ter um enorme prazer em recordar detalhadamente cada uma das conversas com os jornalistas na Bósnia e Herzegovina, e na Croácia. Um mundo de opiniões, que se cruzam por vezes, e que se afastam noutras. A incapacidade para uma mudança profunda, a sensação de frustração e desmotivação, assim como uma crescente consciência de que as tensões presentes tendem a aumentar. A prevalência da guerra nas primeiras páginas dos jornais, os crimes de guerra como um dos temas que geram tensões, trazem memórias, aprofundam divisões. Resta uma de duas opções, ambas sustentadas por quem as defende. Uma: falar da guerra para conseguir seguir em frente. Outra: parar de falar da guerra para conseguir seguir em frente. A primeira é defendida por quem viveu a guerra, que lembra que esse é o passado, 'o nosso passado', que a guerra 'está inacabada', 'ainda está viva', que é preciso acabá-la e resolvê-la, esclarecer o que aconteceu e que essa é a responsabilidade dos media (cujo papel antes e durante a guerra foi central). A segunda é defendida por quem não viveu directamente a guerra, mas que a continua a viver indirectamente, através de tudo o que os rodeia. É a sensação de uma geração mais nova que conhece o passado, que conhece as emoções que a família lhes passou, que assiste às contínuas divisões, mas que anseia poder seguir as suas vidas para lá disso. E essa geração sofre os mesmos problemas das gerações mais novas de muitos outros países: desemprego, falta de oportunidades, frustração. Sensações essas pioradas com a presença contínua de uma guerra trazida para o presente pela Política; política essa da qual também se sentem distantes e que acreditam ser a responsável principal pelas tensões crescentes. E os media são indirectamente influenciados pelas posições políticas, exacerbando as divisões e reflectindo três diferentes sociedades de informação. Questionados sobre o que esperam do amanhã, a resposta é: 'depende da Política'.

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